“Polêmico!” Volume 1 – Anya Mikhaela
Se você está em busca de uma leitura que vai te fazer ter um misto de emoções, “Polêmico!” da Anya Mikhaela é uma delas. Desde a primeira página, a autora nos apresenta Lee Junwoo, um adolescente que, como muitos de nós, está tentando encontrar seu lugar no mundo. Mas a jornada de Junwoo não é nada simples — ele é filho de um pastor controlador e vive sob as rígidas regras de uma mãe fria e bruta.
A escrita de Anya é tão leve e fluida que você vai se pegar lendo até tarde da noite, mesmo quando seus olhos já estão implorando por descanso. A autora consegue criar uma narrativa que parece um filme passando na sua cabeça, com cenários e personagens tão bem construídos que você sente vontade de fazer parte daquela turma.
No centro da história, temos Jiyoon, a mãe de Junwoo, que é uma pessoa complexa. O garoto vive com medo do lado violento dela e percebe que, em sua casa, a submissão é a norma. Jiyoon se cala diante das ordens do marido, Daejung, que acredita que a mulher deve cuidar da casa e do filho enquanto ele, como homem, se dedica ao trabalho. É doloroso notar que Jiyoon não demonstra apego pelo próprio filho, o que gera uma série de inseguranças e conflitos internos em Junwoo.
Uma das falas que mais me impactou foi:
“Coloca mais arroz.” — “Posso ter mais arroz, por favor?.”
Pode parecer simples e boba, mas foi um momento que me deixou arrepiada. Essa frase marca um ponto de virada em que Junwoo, pela primeira vez, se manifesta diante dos pais com um pequeno, mas significativo, ato de rebeldia. Isso me fez sentir um orgulho imenso por ele, pois foi um passo para perceber que ele tem o direito de fazer suas próprias escolhas.
A grande sacada da história é a evolução de Junwoo. No início, ele é um jovem cercado de regras e preconceitos, sem nem mesmo um celular, o que o deixa superisolado em relação aos seus colegas. Mas, ao longo do livro, ele começa a fazer amigos como Jung Ravi, Choi Bonhwa, Min Yoona e, principalmente, Ishikawa Takeshi. Esse grupo é uma explosão de diversidade e energia. Cada um traz sua própria bagagem e experiências, desafiando as normas conservadoras que Junwoo conheceu até então.
Uma parte fundamental da história é a curiosidade de Junwoo sobre a identidade de gênero e as expressões de si mesmo. Ele se aproxima de Ishikawa para entender por que ele usa roupas e maquiagem que fogem ao padrão masculino. No primeiro dia de aula, Junwoo notou Takeshi com roupas de cores femininas e uma leve maquiagem, o que o intrigou. Quando Junwoo questiona o mais velho sobre isso, Takeshi não apenas confronta a pergunta, mas também transforma o momento em uma oportunidade de aprendizado:
“Só por ser um homem, eu não posso gostar de rosa? Quem definiu isso, Junwoo?” — Takeshi questiona, levando Junwoo a refletir sobre suas crenças. Vendo que o garoto abriu a boca mas nada saiu, Takeshi completa:
“Foi a sociedade. A sociedade definiu isso, assim como definiu que a mulher não merece ganhar o mesmo salário que o homem, exercendo a mesma função em uma empresa, apenas por ser uma mulher. A cor rosa não é feminina. Cores não têm gênero e se alguém sente que o próprio gênero é afetado por causa da cor que está usando… essa pessoa precisa repensar suas crenças.”
Esse diálogo é apenas uma das muitas pérolas que Anya insere na narrativa, levando o leitor a reflexões profundas sobre identidade e preconceito. Junwoo, fascinado pelas palavras de Takeshi, percebe que a sociedade impõe limitações que ele nunca questionou. No final do diálogo Ishikawa conclui:
“Se eu utilizar uma camiseta de modelo feminina, isso não me faz menos homem.”
Conforme Takeshi se aproxima de Junwoo, ele percebe o quanto suas ações afetam o garoto. Essa descoberta é ao mesmo tempo gratificante e aterrorizante para Ishikawa, pois ele não sabe até onde pode levar essas interações, receando estragar tudo. Mas, à medida que Junwoo não rejeita suas investidas, Ishikawa Takeshi se vê cada vez mais envolvido, sem querer recuar. É um jogo delicado de descobertas, onde ambos buscam entender seus sentimentos.
O amor também é um tema central em “Polêmico!”. Junwoo reflete sobre o principal ensinamento de Deus: amar ao próximo como a si mesmo, sem exclusões. Ele questiona se Deus realmente se importaria se o amor de alguém fosse dirigido a um homem ou a uma mulher. Essa discussão sobre amor, aceitação e o que realmente importa nas relações humanas é uma das lições mais valiosas do livro.
Anya Mikhaela não só narra uma história, mas também abre um espaço para conversas necessárias e atuais. Ela nos faz lembrar que, mesmo em um mundo que parece avançar, ainda existem pessoas presas em preconceitos arcaicos. “Polêmico!” é um livro que provoca, ensina e, acima de tudo, emociona. E, para quem já seguia a autora no Wattpad, a transição para a obra física me deixou cheia de expectativas e elas não só foram atendidas, mas superadas.
“Polêmico!” é uma leitura obrigatória para quem busca emoção, reflexão e, claro, um pouco de polêmica. Prepare-se para rir, chorar e, principalmente, se apaixonar por essa história cheia de vida e ensinamentos. Então, coloque seu marcador de página e se jogue — você não vai se arrepender.
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