Leitura em baixa no Brasil
Por que a leitura no Brasil ainda é baixa em comparação com outros países?
A leitura desempenha um papel fundamental em nossa vida pessoal e social. Ela não apenas amplia nosso conhecimento e enriquece nosso vocabulário, mas também estimula a imaginação e os nossos pensamentos críticos. Ler regularmente pode melhorar nossa concentração e capacidade de análise, além de proporcionar momentos de prazer. Contudo, no Brasil, essa realidade ainda parece distante
Uma pesquisa recente da Associação Nacional de Livrarias trouxe à tona um cenário preocupante: 60% da população brasileira não lê, e mais de 40% perdeu o interesse pela leitura ao longo dos anos. Os números são ainda mais alarmantes quando examinamos o levantamento do Instituto Pró-Livro, que confirma que 77 milhões de brasileiros não leem. Dentre eles, 21 milhões são analfabetos. Dos 95 milhões de leitores no país, a média é de apenas 1,3 livro por ano.
Um dado particularmente preocupante é o de que apenas 9,5% dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos tinham lido algum material com mais de 100 páginas em 2018. Esse índice coloca o Brasil em uma posição desfavorável em comparação com outros países latino-americanos, como Argentina (25,4%), Chile (64%) e Colômbia (25,8%). A dificuldade em engajar com textos mais longos pode ser atribuída ao consumo crescente de conteúdos condensados, como posts e tweets nas redes sociais, que exigem menos tempo de foco e concentração.
Embora haja uma parcela da população brasileira que tem o hábito e a paixão pela leitura, o país apresenta uma frequência de leitura muito baixa em comparação com países com tradição livreira. Na França, por exemplo, a média é de 21 livros por ano, o que é cinco vezes mais do que os brasileiros leem em média. Além disso, 44% da população brasileira não lê, e 30% nunca compraram um livro na vida. E, alarmantemente, a tendência é de uma contínua perda de leitores a cada nova pesquisa.
Entre janeiro e maio de 2023, o Brasil viu uma queda de 21,5 milhões de livros vendidos em comparação com o mesmo período em 2022. Isso representa uma diminuição de 3,56% nas vendas. No entanto, o faturamento no setor subiu 1,7%, passando de R$ 996 milhões em 2022 para pouco mais de R$ 1 bilhão em 2023. Esses dados foram divulgados pelo quinto Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pela Nielsen Book e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Mas, você já parou para se perguntar por que os brasileiros leem cada vez menos? O que está por trás da baixa frequência de leitura no país? E como o Brasil se compara com outros países quando o assunto é leitura?
Vários fatores contribuem para a pouca leitura no Brasil. Historicamente, o país enfrenta desafios como desigualdade social e falta de acesso à educação de qualidade. Muitas pessoas crescem sem incentivo para ler, e isso afeta a frequência de leitura ao longo da vida.
Culturalmente, vivemos em um mundo onde a gratificação imediata é a regra. Assistir TV, navegar na internet e ver filmes são atividades que nos atraem porque são rápidas e fáceis. Ler um livro exige mais tempo e concentração, o que pode parecer menos atraente para quem está acostumado com o ritmo acelerado das mídias digitais.
Além disso, o preço dos livros também pode ser considerado um obstáculo. Isso acontece porque, com os livros caros, muita gente acaba optando por outras formas de entretenimento.
Acessibilidade e competição com outras mídias
A competição com outras formas de mídia é um fator importante. Quando temos várias opções para nosso tempo livre, como séries e vídeos online, a leitura pode acabar ficando em segundo plano. A facilidade de acesso e a gratificação rápida dessas mídias digitais tornam a leitura uma opção menos atraente.
Para enfrentar esses desafios e promover o hábito da leitura, várias iniciativas têm surgido para ajudar. Projetos como o “Leia para uma Criança”, promovido pelo Itaú, buscam estimular a leitura entre os pequenos ao oferecer livros gratuitos e incentivar pais e responsáveis a lerem com suas crianças. Outra iniciativa importante é o “Biblion”, a biblioteca digital gratuita de São Paulo, que oferece acesso a uma vasta coleção de livros digitais para leitores de todas as idades. Além disso, livros digitais e audiolivros são ótimas opções para quem quer aproveitar o tempo durante o transporte ou enquanto realiza outras atividades. A oferta de livros gratuitos ou com preços mais acessíveis também pode tornar a leitura mais disponível para todos.
Leitura é hábito
Transformar a leitura em um hábito também exige um pouco de esforço. Incentivar a leitura desde cedo é essencial. Pais que leem para seus filhos e amigos que recomendam boas leituras podem fazer uma grande diferença. Estabelecer metas de leitura e reservar um tempo específico para ler, como nas férias ou fins de semana, pode ajudar a tornar a leitura uma parte regular da vida.
Por fim, é importante lembrar que ler deve ser uma atividade prazerosa. Explorar novos mundos e ideias através dos livros é uma experiência enriquecedora. Encontre livros que você goste e veja a leitura como uma forma de entretenimento e aprendizado, assim como se faz com outras atividades.
Com um pouco de esforço e criatividade, é possível tornar essa atividade uma parte importante da vida de mais brasileiros.
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